Oi pessoas!
Boa noite!
O texto de hoje é uma prévia do meu texto de sábado. Amanhã viajarei até Sorocaba para, no sábado de manhã, ir até Votorantim visitar a
Cervejaria Bamberg:
Para mim será uma honra visitar a cervejaria brasileira com mais prêmios internacionais, na atualidade. Além disso, pelas informações que tenho, somos recebidos pelo seu sócio/mestre cervejeiro, Alexandre Bazzo. Conto tudo para vocês depois. Por enquanto, deixo vocês com uma entrevista dada pelo Alexandre ao site
Homini Lupulo:
"A cervejaria Bamberg,
localizada em Votorantin, interior de São Paulo, vem se destacando no
mercado. Com uma vasta linha de cervejas e focada na tradição alemã, ela
tem à sua frente Alexandre Bazzo. Ele é mais um desta nova geração de
produtores e apaixonados por cerveja de alta qualidade, e vem agradando
muito o público de cervejas especiais. Aqui e fora do Brasil, com a
conquista de diversos prêmios. Por que seguir a escola alemã? “É a mais
difícil e técnica de todas”, afirma Bazzo. A Bamberg tem hoje a
capacidade máxima de 60 mil litros por mês.
Além da sua linha padrão, a Bamberg comercializa e produz edições
especiais, como as cervejas Biertruppe. Esta tropa é formada por 4
amigos com uma paixão em comum: buscar a perfeição na produção. A
Biertruppe tem um cervejeiro caseiro que é Leonardo Botto, o André
Clemente é design gráfico, o Edu Passareli é empresário, além do
mestre-cervejeiro Alexandre Bazzo, que revela como surgiu a idéia:
“somos amigos, bebemos juntos, nos divertimos juntos e por que não
produzir cerveja juntos, sem compromisso de vende-la”.
Homini Lúpulo – Como surgiu a idéia da Bamberg?
Alexandre Bazzo – Eu e meus dois irmãos, Thiago e Lucas, sempre
gostamos de cervejas e quando tivemos o contato com cervejas fora do
Brasil vimos que era totalmente diferente das que bebíamos aqui e
começamos tentar descobrir o porque que aqui não tínhamos variedade e
qualidade. Foi então que começou a idéia de abrir uma pequena
cervejaria. A Bamberg surgiu alguns anos depois. No dia 18 de dezembro
de 2005 fizemos nosso primeiro cozimento.
HL – Qual sua história na Bamberg? Como se tornou o mestre cervejeiro? Qual sua formação?
AB – Desde o começo sou responsável pela produção, desenvolvo o
trabalho de cervejeiro e mestre cervejeiro, e além disso, faço algumas
ações de marketing em eventos e a divulgação da cervejaria. Não tenho a
formação de mestre cervejeiro. Minha formação é engenheiro de alimentos,
tenho curso de Mestre em Estilos de Cerveja, pelo Siebel e Sommelier de
Cerveja pela Doemens.
HL – Você falou sobre o curso de
Sommelier de Cervejas, do qual fez parte da primeira turma. Qual a
importância destes novos profissionais para o mercado nacional?
AB – Nós produtores poderemos contar com um profissional dentro do
ponto de venda para orientar e fiscalizar a escolha, estocagem, serviço e
uso adequado da cerveja.
HL – A Bamberg sempre trabalhou apenas com rótulos da Escola Alemã. Qual o motivo desta escolha?
AB – Eu já fiz outras cervejas que não da escola alemã, barley wine,
blond ale, bohemian pilsen, dubbel, oak aged, mas normalmente você verá a
marca Bamberg apenas com cervejas da escola alemã. Primeiro por ter
coerência ao nome da cervejaria. Também como uma forma de agradecimento a
esta região do mundo que nos acolheu tão bem. Mas, principalmente, por
achar que a escola alemã é a que me da maior desafio em fazer cerveja.
Pra mim é a mais difícil de todas. Note que não disse que é a melhor,
mas a mais técnica.
HL – Há novidades vindo de outras escolas, como a ESB. Como será isto, ela entrará para a linha Bamberg normalmente?
AB – Da ESB será feita um tanque apenas, não entrará em linha.
HL – Diversas cervejas artesanais
destacam estarem dentro da Lei de Pureza Alemã como forma de mostrar seu
padrão de qualidade, como forma de oposição às cervejas de massa que
usam arroz e milho. Já outras cervejarias artesanais utilizam adjuntos
buscando de melhorar e inovar. Como você vê esta questão?
AB – Acho que a Lei de Pureza não significa qualidade. A grande
maioria usa ela como marketing, as vezes escrevem até errado a palavra,
nem sabe o que ela significa. Eu defendo a Lei de Pureza pra quem faz
cerveja da escola alemã, acho que obrigatoriamente ela deve ser seguida
neste caso. Não acho que ela “engessa” a criatividade do cervejeiro.
Pelo contrário, acho que daí sim neste caso o cervejeiro deve ser muito
técnico e criativo pra dar complexidade a cerveja com apenas 4
ingredientes. Acho normal quem faz cervejas das escolas belga e inglesa
utilizar outras fontes de carboidrato, mas não vejo isso como inovação,
apenas seguindo a tradição destas 2 escolas. É o mesmo caso de quem usa a
Lei de Pureza para a escola alemã: tradição.
HL – Como você vê o crescimento e valorização das escolas “modernas”, como italiana e americana?
AB – Primeiramente, os EUA e a Itália não são escolas cervejeiras.
Mas voltando a pergunta, acho fantástico, temos excelentes cervejas nos
EUA. Foram eles que retomaram o boom das artesanais, são os maiores
consumidores de cervejas especiais do mundo. Já a Itália tá começando,
mas é o único país do mundo que realmente inova, os outros apenas mudam
algo do que já existe a séculos. Os italianos estão criando coisas
novas, inéditas, mas estão começando, como nós no Brasil.
HL – Qual a melhor cerveja nacional que já tomou?
AB – Eu faço cervejas que gosto de beber, portanto pra mim a Bamberg Helles me emociona cada vez que a bebo.
HL – Qual cerveja de outra marca você gostaria que fosse produzida pela Bamberg? Por que?
AB – Cervejas de fermentação espontânea. Pode ser que daqui uns anos
esta resposta seja outra, mas hoje outros bichos me empolgam, é o que eu
mais estudo atualmente.
HL – Você já fez testes com fermentação espontânea? O que esperar de uma levedura brasileira?
AB – Já fiz testes com Bretanomyces, fermentação em barril de vinho,
fermento de champagne e a próxima será com Lactobacilus. É muito
complicado falarmos em levedura brasileira. O que seria esta levedura,
por que seria brasileira, como identificaríamos isso? Acho que é muito
cedo pra isso e não é tão simples quanto parece. Acho que deveríamos nos
preocupar com o básico por enquanto: fazer cerveja boa. Depois de
alguns anos podemos começar avançar.
HL – Qual a importância dos
produtores de cerveja caseira para o crescimento e desenvolvimento do
mercado da cerveja artesanal no Brasil?
AB – É importante, pois os caseiros num futuro podem se tornar cervejeiros, ou se não, consumidor consciente.
HL – Qual a importância das mídias digitais e redes socias para a Bamberg?
AB – É uma forma de falar com o consumidor final.
HL – Ouve-se falar que a Schincariol
está a venda. Qual a possibilidade de um dia uma cervejaria artesanal
comprar uma grande cervejaria como esta? Será possível que um dia uma
cervejaria artesanal brasileira chegue próxima do volume de produção de
uma Schincariol?
AB – A possibilidade de uma pequena cervejaria comprar uma mega
cervejaria ou de atingir o volume de vendas dela é zero, não existe.
HL – Como você enxerga a qualidade das cervejas artesanais brasileiras em relação às cervejas alemãs?
AB – Acho que temos um longo caminho a percorrer. Não temos
equipamentos de qualidade, falta muita variedade e qualidade nas
matérias-primas. Fazemos cervejas há 5, 10 anos, eles fazem a mais de
séculos. Mas cerveja boa e ruim temos em todos os países do mundo,
inclusive aqui e na Alemanha.
HL – O que significa a cultura cervejeira para você?
AB – Consumir cerveja não apenas para refrescar-se, mas sabendo da
historia do estilo, temperatura correta, copo adequado, saber escolher a
cerveja para cada momento. Precisamos de anos de conscientização do
consumidor de que cerveja não é tudo a mesma coisa, que a estupidamente
gelada é a melhor, que depois do segundo copo fica tudo igual. Esta é a
nossa cultura cervejeira, o que temos a obrigação de fazer é mudar isto.
Para a verdadeira cultura cervejeira, cerveja não é apenas uma bebida
alcoólica. Tem muito mais coisa envolvida no contexto, mas nosso caminho
é longo, difícil, e com muitos lutando contra.
HL – A Bamberg Rauchbier foi
premiada internacionalmente. Que importância tem estes prêmios para sua
marca? E para a cerveja artesanal brasileira, qual o valor das
diversas conquistas de cervejas nacionais?
AB – Sempre que você recebe um premio, de forma isenta e honesta, é
muito bom, um reconhecimento do trabalho. Não é você quem esta dizendo
que sua cerveja é boa, mas sim um grupo de especialistas. Pra nós,
estes prêmios que estamos ganhando mostrou a Bamberg para o mundo,
talvez isso funcione de forma semelhante para as outras cervejarias que
também já ganharam estes prêmios. No nosso caso não foi apenas a rauch
que ganhou, abaixo listo todos os nossos prêmios." HL 10/06/2011
Até mais!